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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Música Para Se Ter


27/04/2011 13:20 | Autor: Zélia Duncan

Eu sou de uma geração que cresceu comprando música e ansiando pelos próximos lançamentos de seus artistas favoritos. Encartes sempre fizeram parte das minhas melhores fantasias e viagens, assim como as letras, fichas técnicas, músicos, arranjadores, autores, detalhes que pudessem ser pistas que me levassem pra dentro do universo de quem inventou aquilo tudo. Uma palavra que justificasse a imagem escolhida para a contracapa, ou uma nota de rodapé que justificasse a escolha de uma cor ou de um formato de letra.
Passava horas olhando o encarte de Clube De Esquina 2, de Milton Nascimento. Era um envelope duro. De um lado, as maravilhosas letras e tudo mais; do outro, apenas fotos, milhares, uma grudada na outra, sem legenda. Ali estava impresso o delírio que parecia ter sido aquela gravação. Como não havia internet, era na raça que eu tentava decifrar quem era quem. O clima de estúdio me fascinava num grau absurdo e eu sonhava, sonhava em poder um dia entrar nesse ambiente e viver, com toda minha vontade, o que eu desejava ser na vida. Gravar era um dos objetivos máximos para uma artista como eu. Cantar por aí, aprender, descobrir como chegar ao primeiro disco, o mistério delirante da vida que começava.
Bem, as coisas mudaram muito, inclusive e principalmente nesse sentimento do primeiro trabalho. Ficou tão fácil e banal gravar, que eu saio pra cantar e volto com a mala mais pesada, de tantos CDs que vão me entregando, como se entregassem panfletos no meio da rua. Claro que, por um lado, é bom que as pessoas tenham acesso aos seus sonhos e possam realizá-los sem muito sofrimento. Porém, não é só a qualidade que sofre, mas também a disposição para ouvir. Atualmente, parece mais possível e interessante gravar do que cantar bem, por exemplo. Mas nem era disso que eu ia falar hoje, depois voltamos a esse assunto com mais vagar, pois o barato é complexo e sinistro! E passa pelo sinal dos tempos em que ficar famoso virou uma profissão. Voltemos ao ‘objeto’ música!
É que há uns dias eu comprei o álbum novo de kd lang, de uma forma tão fácil que me fez lembrar esse velho e obsoleto hábito de adquirir música. Fiz isso através do iTunes, apertando uns dois ou três botõezinhos do meu computador e tudo apareceu na minha tela, puf! Por pouco mais de treze dólares. Com encarte virtual e tudo. Não vou mentir, já confessei minha antiguidade, prefiro MIL vezes o CD na mão, o cheiro do papel, a degustação tátil, mas fiquei aliviada de ainda poder consumir música, mesmo assim. Tenho comprado música dessa maneira já faz um tempo, pelo menos os álbuns internacionais, pois já não existem no Rio lojas que tenham catálogos bacanas. No fim do ano passado, perdemos um espaço que era primordial, chamado Modern Sound, foi um golpe fatal.
Mas eu consigo comprar assim porque uso o cartão americano de um amigo que mora no Texas, pois cartões brasileiros não são aceitos, o que é triste pra quem gosta, precisa e adoraria poder comprar. Por motivos editoriais e, segundo me disseram, inadimplência, o iTunes não abriu para o Brasil, o que reforça também tudo o que está acontecendo com o consumidor de música e sua maneira de se comportar na hora de adquiri-la, ou não. No iTunes você pode comprar por canção, que custa entre 0,99 e 1,29 dólares. Você está, por exemplo, na rua, escuta uma música, identifica, vai ao iTunes, compra por noventa e nove centavos e aquilo vai direto pra sua ‘discoteca’ virtual. É fácil, prático, útil e bom pra todo mundo. Existem alguns sites de música virtual no Brasil. Eles têm que ser muito mais divulgados e precisam também facilitar cada vez mais a forma de o consumidor comprar e se divertir fazendo isso, o que me parece primordial. Nunca vai ser como o prazer de, com as mãos, fuçar as prateleiras, puxar algo surpreendente, levar pra casa, abrir, degustar como fazíamos. Mas que novas alegrias venham, de acordo com o que for possível e conveniente pra eses tempos.
Gosto não se discute, embora a tentação seja grande. Já não existe a possibilidade de passear numa loja de discos, a menos que se queira comprar os lançamentos, ainda assim muito específicos. Por isso, é fundamental que haja cada vez mais no Brasil uma forma convidativa de se realizar a façanha de comprar música on-line, ao menos para quem acha que comprar música é importante não só pra si mesmo, mas também pra quem vive disso.


Fonte do Texto: AQUI!

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