Esse blog nasceu de um desejo profundo de homenagear essa incrível artista, Zélia Duncan... Aqui haverá sempre textos, músicas, letras, notícias, vídeos entre outras coisas sobre essa artista maravilhosa... Você é fã, gosta de suas músicas, acompanha a carreira da moça? Seja bem vindo (a)! Traga os amigos, puxa um banquinho, pega uma bebida e sinta-se em casa! Afinal, Amigo é casa!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Noite de Santo Amaro leva clima de Festa da Purificação à Concha Acústica do TCA

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Em clima da Festa da Purificação, o palco da Concha Acústica do TCA será totalmente caractarizado para apresentações de artistas da cidade de Santo Amaro. A Noite de Santo Amaro, que acontece no dia 16 de janeiro, reunirá novos talentos ao lado de artistas consagrados como Zélia Duncan, Margareth Menezes, Banda Armandinho Dodô e Osmar, Gerônimo, Roberto Mendes e Flávio Venturini.

Antes do início dos shows, o público está convidado a se reunir no Campo Grande, às 17h, para descer em cortejo até o local do evento. A caminhada será puxada por baianas e embalada por uma filarmônica, além de contar com apresentações de maculelê, capoeira e samba de roda. Na descida, será realizada a lavagem da escadaria da Concha Acústica.

O evento contará também com a participação de Ulisses Castro, Márcio Valverde, Eduardo Alves, Livia Milenna, Marcel Fiúza e Belpa, que tocarão com uma banda formada inteiramente por santamarenses. Freddy Ribeiro e Caco Monteiro realizarão números de teatro com literatura e poesia.

A Noite de Santo Amaro tem direção artística de J. Veloso e produção de Maurício Pessoa, ambos nascidos em Santo Amaro. O evento surgiu no final da década de 90, sempre com parte do cachê doado à Dona Canô, presidente de honra do Novenário da Purificação, destinado a custear a Novena da Purificação de Santo Amaro.



Segundo J. Veloso, que vai comemorar seus 50 anos de idade na festa, o evento é uma maratona de música e mistura de estilos. “Também é uma forma de ajudar minha avó, Dona Canô, que organiza, contribui e aglutina pessoas para que a Festa da Purificação se realize, maravilhosa do jeito que é hoje”, diz.

No evento, serão servidas comidas típicas de Santo Amaro, como maniçoba, caldo de garangundé, efó e moqueca de carne do sertão. Para completar o clima do interior, o público será presenteado com algodão doce, pipoca e maçã do amor.

Os primeiros mil ingressos serão vendidos com valor promocional de R$ 50 inteira e R$ 25 meia. Os demais custarão R$ 60 inteira e R$ 30 meia. As entradas podem ser compradas na bilheteria do TCA.

| Serviço |

Noite de Santo Amaro
Onde: Concha Acústica do TCA, Campo Grande
Quando: Dia 16 de janeiro, às 18h
Quanto: Os primeiros mil ingressos custarão R$ 50 (inteira), os demais serão no valor de R$ 60 (inteira)
Mais informações: (71) 3117-4899


Fonte: A Tarde


"Frio Ártico no Estômago"

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Zélia Duncan faz show único hoje no Metropolitan e conta como preparativos, preocupações e cuidados que toma na véspera e no dia de um espetáculo
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Dia de cantar não é dia comum. A gente disfarça: levanta, escova os dentes, aumenta o telefone, toma café, abre o jornal como se não estivesse procurando uma matéria específica, brinca com o cachorro. Mas existe algo à espreita, uma vigília muito anterior ao momento em que o próprio público estará esperando o início da apresentação.
O famoso frio no estômago, embora banhado de chá, permanece intacto, ártico e companheiro inseparável daquele dia comprido. A bem da verdade, a véspera já traz sintomas perturbadores, porque exerço sobre mim uma tortura que consiste em olhar o relógio e pensar: "amanhã, a essa hora, estarei indo para o teatro". E prossigo esbarrando no tempo: "amanhã, a essa hora, estarei pisando no palco...com o pé direito, claro". Até que, já na cama, lanço a última frase para meu monólogo interno: "amanhã, a essa hora, seja como for, o show já aconteceu". E durmo, quase sem querer.
Cantor é um bicho estranho, cada um tem várias manias e reações, digamos assim, bizarras. Conheci um cara em Brasília cujo pânico era tanto no dia de cantar que ele simplesmente começava a rir, já no camarim. O repertório era pesado, daí quando rolava uma daquelas canções mais introspectivas, falando das angústias infinitas da vida, ele ainda assim ostentava aquele sorrisão escancarado. Quando comecei a cantar, entrei na paranóia terrível de achar que qualquer brisazinha, qualquer pingo de chuva ou grito de guerra, poderia modificar minha voz para sempre. Dormia com um casaquinho pendurado na guarda da cama e a janela fechada, obviamente. Se chegasse na cozinha e a geladeira estivesse aberta, me enchia de pavor e implorava: "fecha isso , pelo amor de Deus!!" Ganhei naquela época o merecido apelido de Florzinha de Estufa. Claro que isso acontecia quando eu era menina, um pouco mais desinformada. Hoje, do alto dos meus 34 anos, sei que não sou tão frágil assim...mas as janelas continuam fechadas durante a noite e, embora torça muito para o meu país, no clímax da festa, dou um pulo, levanto os punhos fechados e digo só pra mim, "que bom, gol do Brasil".
Fui então fazer aulas de canto. Minha professora era maravilhosa, D. Eny Camargo, tudo que se esperava de uma "lírica". Corpulenta, sempre maquiada, sempre internacional, já havia cantado até na Rússia e, claro, adorava dizer os nomes das óperas e de seus autores em alto e bom som. Falo aqui num tom de brincadeira, mas ela, além de uma linda voz, me ajudou muitíssimo a pensar em respiração, registro vocal e relaxamento, para que a voz encontre seu caminho livre na hora de ecoar. Porém, numa noite, quando ela me levava ao portão após a aula, um cachorro todo preto surgiu e abocanhou ferozmente minha perna. Eu, chiquérrima, não quis constranger minha mestra e fingi que "não tinha sido nada". Fui embora uivando de dor, rolou anti-tetânica, curativo e tudo. Fico pensando se aquele cãozinho não estava querendo me avisar que eu ainda ia sentir na pele a responsabilidade não só de cantar, mas de ser chamada de "artista" e de ter o que dizer com isso. Caramba, aquilo doeu. (quando vim para o Rio, tive aulas com Pepê Castro Neves e Maria Lucia Valadão, ambos imprescindíveis)
Depois de muitas aflições, chás, méis, gengibres cristalizados ou não, gargarejos milagrosos, leite com açúcar queimado, preparado por minha avó, pastilhas de todas as cores e nacionalidades, fórmulas e simpatias, inventaram uma maneira de filmar as cordas vocais. FINALMENTE! A voz, objeto de aflição de toda uma vida, instrumento até então invisível, que nunca pude pegar, polir, plugar no afinador ou mandar para uma revisão, poderia ser registrada ao vivo e a cores numa fita de video só pra mim. Ufa... Minha carta de alforria, ou melhor, minha hora de ir à forra. Quando a fita me foi entregue fiquei olhando aquelas duas cortininhas claras, ("adoro cortinas que se abrem"), bem menores do que eu imaginava, embora não tivessem aquele jeito desprotegido que construí na minha imaginação. Pensei em todos os sonhos que depositei naquele pedaço tão pequeno do meu corpo e, como se um raio tivesse caído em cima de mim, percebi que não podia cantar só com as cordas: se minha saúde, minha cabeça e meu coração não estiverem razoavelmente equilibrados, não são elas, pobrezinhas, que vão arcar com tudo sozinhas.
Todo tipo de coisa pode acontecer num show. No dia do apagão, em março, era minha estréia em São Paulo. Por ironia do destino, eu cantava Sentidos, minha e do Christiaan Oyens: "não quero seus olhares/ quero seus cílios nos meus olhos/ piscando pra mim". Piscou e não voltou mais. Palco é assim, arriscado. O coração dá saltos mortais no peito, a palma da mão fica suando e quando você pensa que já passou pelo primeiro momento mais difícil, tudo ainda pode acontecer. Adoro essa montanha russa, você se apavora, mas depois o prazer é tão grande que você acha pouco e corre para a fila de novo. Acho que, por isso, não gosto de ver o palco sendo desmontado, me lembra que o show já acabou.
Hoje, antes de cantar, vou me maquiar, me aquecer nos exercícios de fonoaudiologia com Angela de Castro, com quem aprendi a proteger meu instrumento invisível, meu técnico vem me ajudar com os retornos de ouvido, gosto de ver os músicos antes do início do show. As luzes vão começar a se apagar, vou tomar um gole d’água, embora a boca vá continuar seca, darei um suspiro profundo e esquecerei todos esses preparativos, pois, neste caso, o melhor da festa é a festa mesmo!!

Zélia Duncan

Especial para o JB


Porta de Luz

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Letra - Zé Ramalho

Música - Dominguinhos

De onde vem
Essa mania de saber
Como é bom
Quando estou perto de você
Parece o mundo
Que acabou de começar
Num movimento
De paixão e de silêncio

De onde foi
Que essa estrela apareceu
Que oceano ou que céu iluminou
A minha estrada tão comprida
Vai chegar ao seu final
Quando abraçar você

Só agora compreendi
Que o caminho que escolhi
Veio dar na sua porta de luz
Tudo agora está tão fácil
E seguro para nós
Minha voz está bem dentro da sua

Se for buscar
Aquele sonho
Eu vou
Para provar
Que amo só você.